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NORMAL,DEMASIADO NORMAL

ESPAÇO SENSITIVO-CRÍTICO DO QUOTIDIANO, DOS SONHOS E DE OUTRAS ESTÓRIAS. isaacper@macau.ctm.net

jisaacmpereira@hotmail.com

sábado, julho 12, 2003

Estória II 

Camarada

Sábado, 12 de Julho de 2003

Por que razão não simpatizo com a palavra "camarada".

Desde criança que a palavra "camarada" me faz espécie. Não entendia por que razão duas pessoas, sendo amigas, se tratavam por "camarada". Claro que os muros e as paredes andavam de um lado para o outro a ser pintados de vermelho, e havia por todo o lado gente com barbas estilo "Marx & Engels". Eram camaradas. Alguém que vivia por baixo da mesma cámara, camara de viver, de filmar, de pensar...ainda na antecamara da mudança necessária. Sucede que o "Avante, camarada!" ainda se ouve, mas a democracia "pluri partidarizou-se" e emancipou-se dos quarteis. Os anos passaram. Os muros foram caindo, outros se ergueram. Os blocos foram-se desfazendo mas ainda há quem me chame camarada.
Não pertenço á geração dos "camaradas", o meu pai não foi para o "utramar" - outra palavra que detesto - eu também não prestei serviço militar, graças ao bem aventurado contingente. Mas por que raio é que no trabalho, e só no trabalho, me dizem: "então camarada"?

Recordo a História e a morte de muitos "camaradas". De Trotsky, por exemplo, assassinado ás mãos e de acordo com o engenho de outros "camaradas", e fico a entender um pouco mais acerca das razões que me levavam a, sem saber por que motivo, nunca simpatizei com a palavra "camarada" e com essa forma, por assim dizer, "farisaica" de tratamento.


posted by Isaac Pereira  # 7:17 da tarde

Estória I 

Algures no Oriente

Sábado, 12 de Julho de 2003


O senhor Coelho, homem de costas largas mas impermeável a abusos, em pleno dealbar do século XXI, recebeu no Restaurante que dirige, á hora do almoço, um grupo de alegados investigadores da Ciencia do Direito. Aqui, neste lugar em que, á má maneira portuguesa, quem sendo cego, um dia conseguiu ser esperto e rei, graças á "Santa Sino Paciencia", um grupo de "narizes empinados", daqueles que ainda puxam dos galões de "Dr.", sobe as escadas para dar vida ás entranhas. Pois bem. Coelho, o sr. Coelho, bom chefe de mesa, homem de prezada bonomia, já com alguma azia a rebentar-lhe dos poros, brada para mim:
- Vês, ó meu amigo: Aqui tenho debaixo dos braços a pasta de um sapiente ilustrado em Direito!!!
Faço uma pausa e observo debaixo dos óculos, a indagar da dita pasta.

Era um rectângulo em forma de pasta, côr de tijolo.

Um molho de salsichas congeladas! Arre! Arreda, Tugolândia mental!


posted by Isaac Pereira  # 4:46 da tarde

Aforismo III 

Sábado, 12 de Julho de 2003

Factor de progresso: A qualidade para atingir o essencial.

Atingir o essencial é um propósito.

Mas um propósito é sempre ultrapassado ante a existência de acessórios mais sofisticados que permitem atingir o essencial com melhor qualidade. O essencial não é somente a função. É, cada vez mais, o conteúdo e a forma da função.
O essencial já não é o fim em si mesmo mas o modo de alcançar o fim.




posted by Isaac Pereira  # 4:00 da tarde

Aforismo II 

Sábado, 12 de Julho de 2003

Inútil:
Tudo o que é lixo. Radicalidade do inútil: a inutilidade do lixo. Invenção feliz: Reciclar.




posted by Isaac Pereira  # 3:42 da tarde

Aforismo I 

Sábado, 12 de Julho de 2003

Filosofia aplicada á vida e por que não, á informática




O essencial sem o acessório não faz sentido. É quase como possuir um cérebro desprovido de pernas para andar. Ou seja: deficiencia adquirida.
Dizer que o "acessório é tudo cuja ausência não prejudica a funcionalidade é um disparate. O correcto é: "inútil".


posted by Isaac Pereira  # 3:18 da tarde

(IN)JUSTIFICAÇÃO 

Sábado, 12 de Julho de 2003


Hum...tal como o "humano, demasiado humano" de Friedrich Nietzsche, também o humano normal, demasiado, normal. Há aqui uma paráfrase. Haverá algo para justificar?
Bendita sejas ó absoluta liberdade de bloguear, porque tu és o sorriso que afronta a normalidade enclausurada no poder dos detentores dos meios de expressão tradicionais. Sê o teu próprio filtro! Ó fantástica virtude! Mas atenção: Há aqui um perigo. Um grave perigo. Um perigo quase absoluto: o da pulverização da rede de poder. A temida pulverização dos que sentem, como areia escapando por entre os dedos, que o narcisismo, o narcisismo dos colocados no centro do poder de decisão, mascarados de "saber-fazer", situado no âmbito da esfera pública, tende a ser absolutamente democratizado, e a deixar para a cultura estética, as opções do gosto e da escolha. Esse narcisismo - e o que é o narcisismo? - tende a disseminar-se pelas margens do anonimato.
Sejamos pois, humanos, demasiado humanos, ao invés de sermos demasiado normais, demasiado habituais e presunçosos. Para não misturar PODER e VERDADE.


posted by Isaac Pereira  # 12:06 da tarde

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07/01/2003 - 08/01/2003  

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